CATEDRAL SÃO TIAGO E AS DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS
Atualizado: 17 de set. de 2020

Então Miriã, a profetiza, pegou um tamborim e todas as mulheres a seguiram, tocando tamborins e dançando. E Miriã lhes respondia cantando: “cantem ao Senhor pois triunfou gloriosamente”. Exodo 15:20-21
A Catedral Anglicana de São Tiago em Curitiba, desde 2014 sente-se privilegiada ao abrir suas portas para apoiar o desenvolvimento do projeto Roda de Danças Circulares Sagradas, atendendo a solicitação de Lucia Hallvaz, coordenadora do grupo “Roda do Arco-Íris”. A partir das próprias mulheres que já participavam de grupos bem organizados na cidade, começou esta nova parceria, trazendo muita conectividade e harmonia à comunidade da Catedral e a todas as pessoas que participam das danças. E nestes cinco anos de parceria foi presenteada com um novo grupo que leva o nome da Catedral.
O grupo se caracteriza pelo propósito de atendimento humanizado e complementar às mulheres, envolvendo a todas que sentem-se chamadas a cuidar um pouco mais de sua qualidade de vida, como também àquelas que encontram-se com direitos violados, proporcionando um espaço vivencial em grupo, pautado na saúde integral da mulher, favorecendo o desenvolvimento pessoal e o compartilhar entre si dos problemas e conflitos inerentes a este tempo, marcado ainda profundamente pela desigualdade de gênero.
É um grupo inspirado pela igualdade de gênero, estabelecidos pelas Nações Unidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos desde 1948, e assim outras declarações se somam, em favor dos direitos das mulheres de serem livres de discriminações. A Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Contra a Mulher (CEDAW) adotada pela Assembleia Geral em 1979, obriga a promover ações que assegurem igualdade de gêneros e elimina ideias tradicionais estereotipadas sobre os papeis dos sexos, bem como na Conferência Mundial de 1995, em Beijing, delinearam um conjunto de ações específicas para atingir os padrões de igualdade e EMPODERAMENTO das Mulheres.
As mulheres de diferentes idades, raças e nacionalidades, ainda são as principais vítimas no histórico desrespeito pelos direitos humanos no mundo, apesar dos avanços conquistados e sua crescente participação na política e na economia. As mulheres sofrem também com os problemas de mortalidade materna, violência doméstica, escravidão, tráfico de pessoas, prostituição, turismo sexual, estupro, mutilação genital, casamento forçado e precoce, falsa igualdade política e profissional.
A violência contra as mulheres é uma das mais graves violações de direitos, trazendo inúmeras consequências à sociedade, dentre elas as sequelas físicas e psicológicas nas vítimas. Diante destas constatações, as políticas públicas para as mulheres têm avançado na busca de garantia de seus direitos e serviços sociais estão sendo disponibilizados em diferentes espaços da sociedade, acompanhadas as trajetórias das mulheres com direitos violados.
As Danças Circulares Sagradas no contexto da desigualdade e violação de direitos das mulheres tem o poder de restabelecer seu equilíbrio e consequente saúde biopsicossocial e espiritual, restabelecendo a confiança, a melhoria da auto imagem, da auto estima, o equilíbrio das funções orgânicas, psicológicas e o reflexo dessa melhoria na família e na sociedade.
O principal objetivo das danças circulares sagradas é unir as pessoas na alegria e na paz, a partir da vivência em círculo como símbolo de unidade e de totalidade, possibilitando a integração entre as pessoas. O círculo de danças permite que todas as pessoas se olhem nos olhos, de forma suave, fortalecendo o sentido de cooperação e elo que une os integrantes do grupo.
As coreografias lindíssimas desenvolvidas nas Danças Circulares Sagradas não precisam de conhecimento prévio, a cada nova dança que é proposta, as orientações dos passos vem significadas com o histórico de sua criação, que com a inspirada orientação da focalizadora são internalizadas com muita serenidade. As integrantes da roda são estimuladas a aventurar-se na descoberta do movimento corporal, sem a preocupação de um resultado imediato. Cada pessoa irá desenvolver-se de acordo com a sua capacidade individual.
O aperfeiçoamento das danças circulares e seus movimentos vem com o tempo, pois exigem qualidades físicas, emocionais e intelectuais como força, flexibilidade, equilíbrio, autoconfiança, perseverança, percepção de espaço temporal que vão se desenvolvendo a partir das repetições.
Ao grupo é oferecido além das danças, espaço de rodas de conversa, leituras e contação de histórias, como meios alternativos de cooperação para fortalecer a necessidade que cada pessoa tem de ocupar o seu lugar e o seu espaço, auxiliando o equilíbrio emocional. O enfoque principal não é a técnica, mas o sentimento de união e o equilíbrio comunitário.
Os encontros são motivados e explorados por temas relacionados ao universo feminino, inspirado a partir deles e de diversas técnicas criativas, levando a ampliação de limites, intuição, sexualidade, entre outros.
A cada ano acontece a Festa da Primavera com a participação de Mulheres dos mais diversos grupos existentes na cidade de Curitiba, onde muitas focalizadoras vem trazer a sua contribuição, alegria e espiritualidade.
Enfim, a Diocese Anglicana do Paraná tem vivido momentos de profunda espiritualidade com as DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS em eventos Paroquiais, Diocesanos e Internacionais como foi em outubro de 2019, em Curitiba, o treinamento de Líderes da Trynity Church, NY.
Somos gratas a Deus e a todas as Mulheres que nos oportunizam e vivenciam conosco este projeto, pela oportunidade de conhecimento, crescimento e superação das desigualdades e violência contra as Mulheres, a partir da organização, perseverança, intencionalidade e solidariedade com os vulneráveis.
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Lucia Hallvaz e Carmen Duarte
Curitiba, setembro de 2020.